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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

IV Convivo Nacional de Surdos

Foi no dia 11 de Setembro que alguns elementos da nossa turma foram até ao Parque de São Pedro de Avioso na Maia participar no IV Convívio Nacional de Surdos.
Temos a que salientar que praticamente todas as pessoas que serão referidas são surdas e que foi um prazer passar o dia com elas…Quando chagamos estávamos um pouco tímidas como é normal, não conhecíamos ninguém, mas um rapaz, o Roberto (o animador do evento) foi super simpático e convidou-nos para ir jogar volei. Lá conhecemos algumas pessoas um pouco mais velhas e um rapaz autista, o Ricardo, inteiramente espectacular, e todos receberam-nos muito bem. Gesto puxa gesto, e já nem sabíamos se estávamos a jogar volei ou a gozar/brincar uns com os outros, mas o que é certo é que, depois de passarmos muito tempo a jogar, a fome já apertava…
Como o tempo estava agradável fomos nos sentar na relva, perto do lago com o Roberto, com um senhor que se chamava Mário e com mais dois rapazes que conhecemos depois, o Josémi (espanhol) e o Marcos. Falávamos mais do que comíamos, como alguns elementos do grupo não sabia Língua Gestual, a hora de almoço também serviu um pouco para lhes ensinarmos alguns gestos básicos e aprendemos que o gesto de FALAR cá em Portugal quer dizer BOA TARDE na Espanha.
Mas depois de um belo almoço e dum cafezinho todos juntos, onde podemos aprender e partilhar muitas coisas, nada melhor que uns joguinhos á tarde para desmoer.


Quando voltamos ao “recinto” do convívio, assistimos aos seniores a jogar á malha, o Ricardo ensinou-nos um jogo que consistia em atirar uma pinha contra uma pilha de latas, mas ninguém prestava e ele era o melhor, fizemos grupos para jogar á corrida do saco que foi super divertida e depois, para toque final, fomos ao jogo da corda.
Tudo ao molho e fé em Deus, se tu puxas eu também puxo, e foi assim que a coisa de deu, o Roberto dizia e gestualizava 1, 2, 3, e ficamos espantadas quando começou tudo a puxar, cada grupo para seu lado, todos a fazer força e um enorme esforço porque todos queriam ganhar e não se ouvia um grito, mas quando um dos grupos ganhava sentia-se a alegria de terem ganho.
A euforia, os gritos, os berros que estávamos habituadas a ouvir quando alguém ganha algo foi banalizada a partir do momento em que nos apercebemos de que aquela felicidade que nós ouvintes temos a necessidade de exprimir gritando e fazendo “um circo completo”, pode ser substituída por um festejo, ainda assim com muita alegria e muita felicidade, mas pode ser expressa apenas por um sorriso, pelo facto de saltarmos com as mãos para cima e não soltar um som. Os sentimentos são iguais, as formas de os exprimir podem ser diferentes mas a maneira como vemos as coisas pode mudar.


Durante o dia todo, “a zona do bar” (uma área improvisada para serviços alimentares) serviu de abrigo para os mais idosos confraternizarem e para as mães com crianças pequeninas descansarem um pouco.
O resto de tarde foi passada junto ao lago, alguns mantiveram-se no volei, houve, durante o jogo da corda, algumas entrevistas da Surdos TV.


Resumindo, esta experiência foi única, foi a primeira vez que nos sentimos minimamente integrados num evento destes e é daquelas coisas que vivemos e aconselhamos.

< Jogo da Corda (video)